|
Ameaçados por complexo hidrelétrico se capacitam para lutar contra o projeto. Governo desrespeita direito constitucional e desmarca encontro.
|
|
|
Fotos da linha do tempo
Nem Mídea e Estado - LIBERTAD A TODOS LOS PRESOS POLITICOS MAPUCHE ! NEWEN MAPUCHE ! ARRIBA LOS QUE ...
|
Universidade, Povos Indígenas e Conjuntura
O Seminário Nacional dos Povos Indígenas do ANDES-SN teve início na tarde da última sexta-feira (14)...
|
|
Começa hoje, 28 de outubro, no município de Luziânia, GO, o II Encontro Nacional de Professores Indígenas, cujo objetivo é discutir a grave situação atual da educação escolar indígena, bastante distante da reivindicada pelos povos indígenas e garantida não só na Constituição, como também em leis específicas. Para Gilberto Vieira, o Ministério da Educação do Brasil, estados e municípios não vêm cumprindo a legislação nem respeitado a diferencialidade educacional. A complexidade gerada pelos diferentes povos não é refletida na programação curricular, por exemplo. Ou seja, cada povo indígena reivindica uma determinada autonomia educacional. “Para nós, os não-indigenas, um exemplo seria a questão do tempo. O ano letivo começa em março e termina em dezembro. Porém, os povos indígenas precisam definir se esse tempo é o que seria o melhor para eles. Isto é, precisam ter autonomia em termos de tempo, de gestão escolar, de currículo, de contratação e formação docente, etc. Isso é um exemplo da diferencialidade garantida pela legislação e reivindicada hoje nesse encontro”, afirmaGilberto Vieira. Rosimeire Diniz, uma das coordenadoras do encontro e integrante da coordenação do CIMI na Regional do Maranhão, afirma que com esse segundo encontro o CIMI possibilita o diálogo de diferentes povos para discutir a situação escolar indígena a partir da realidade de cada povo. Nesse sentido, direitos que foram conquistados e agora estão retrocedendo precisam ser discutidos e enfrentados pelos próprios professores, alunos, comunidades, para poderem cobrar do governo o respeito dos direitos garantidos e avançar na conquista de novos direitos. Um exemplo disso seria a gestão das escolas com autonomia. Flauberth Guajajara, professor dos Povos Guajajara, Terra Indígena Pindaré Maranhão, afirma que “a nossa expectativa para esse encontro é buscar parcerias para a luta por uma educação de fato, específica e diferenciada, o que não vem sendo respeitado dentro de um direito garantido. Visto que, atualmente, as escolas – principalmente no estado do Maranhão – vivem sem autonomia, com problemas estruturais na parte de recursos humanos, materiais didáticos, etc. Estes problemas têm dificultado o desenvolvimento de um trabalho que possa ter resultados satisfatórios, respeitando a interculturalidade e as tradições. Hoje, no que se refere à questão de currículo, este atualmente (é praticamente igual ao da escola não-indígena, e deveria ser diferente, pois a lei garante o direito à especificidade do nosso trabalho. E estamos aqui para que isso mude”. Márcia Cohmxicwyj Krikati, do território dos Povos Krikati, do Maranhão e professora, afirma que “nós estamos em busca de uma parceria maior que seja de ajuda para nós, da nossa educação. Porque a educação que recebemos hoje é do estado, os livros didáticos são construídos por não-indígenas, e agora nós queremos construir os nossos livros didáticos, nós os professores indígenas, porque o importante é mostrar os nossos trabalhos, as nossas tradições, os nossos artefatos, a História contada por nós, os nossos cantos, forma de vestir, identidades, e cultura em geral”. Estão sendo esperados para este encontro professores e professoras de vários povos, entre eles, os povos Kaxarari,Karitiana, Suruí, Oro Waram, Purubora, Aikanã, Oro Waran Xijein, Guarani-Kaiowá, Terena, Kinikinawa, Kayabi,Irantxe, Myky, Ikpeng, Tapirapé, Karajá, Guarani, Kaingang, Yanomami, Apurinã, Munduruku, Tembé, Tapuia, Krahô-Kanela, Xerente, Apinajé, Krahô, Karajá Xambioá, Kampa, Kulina, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tupinambá, Pataxó, Xakriabá,Kaxixó, Apañjekra Canela, Guajajara e Awa Guajá, Nikini, Gavião, Krikati, Bororo, entre outros. As entidades aqui presentes são o Cimi – Conselho Indigenista Missionário e a Rel-UITA – Regional Latino-Americana da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação. Às 14h30, são iniciadas as atividades. Às 15h, Cleber Buzatto, secretário-executivo do Conselho Indígena Missionário (Cimi), junto com o professor mestre Félix Bororo, do Povo Bororo, fará uma Análise da conjuntura política e educacional. Às 20h, haverá a exibição do Documentário do 1º Encontro de professores indígenas. Amanhã, quarta-feira 29, haverá o Lançamento do Manifesto sobre a situação da Educação Escolar, no auditório da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,CNBB. Em seguida os povos farão mobilizações no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Na quinta, 30, pela manhã, o professor Santiago Utitiaj, do Povo Shuar, da Amazônia equatoriana do Equador, falará da experiência do seu povo sobre a questão das escolas comunitárias indígenas. Na parte da tarde, Saulo Feitosa, missionário do CIMI Nordeste, abordará o tema “Educação escolar indígena: colonização e descolonização”. Na sexta-feira 31, último dia, a temática, pela manhã, será Sistemas Abertos da Educação Escolar Indígena (Gestão autônoma das escolas indígenas), com a professora do Mato Grosso do Sul, Judite Albuquerque; e, para o encerramento, está previsto um Movimento de Professores Indígenas e serão delineadas as bases para a Conferência Nacional de Educação Indígena. | Voltar |
Fonte: Luciana Gaffrée – Rel/Uita |
Nós, professores, professoras e lideranças indígenas, representantes de 52 povos de todas as regiões do Brasil, reunidos no Centro de Formação Vicente Cañas, no 2° Encontro Nacional sobre Educação Escolar Indígena, debatemos e refletimos a situação da educação indígena e a educação escolar indígena no Brasil. Considerando toda a caminhada das comunidades, professores e lideranças de todo o Brasil, nós professores indígenas, somos os pioneiros em abraçar a causa de uma verdadeira educação indígena e neste 2° Encontro, soltamos os nossos gritos de guerra “Educação é um Direito, mas tem que Ser do Nosso Jeito” e “Direitos Conquistados não podem ser negados”. Durante esses quatro dias analisamos a conjuntura política nacional e percebemos o aprofundamento do ataque aos nossos direitos. Diante disso, protocolamos no Palácio do Planalto um documento, onde apontamos as dificuldades que encontramos para podermos fazer uma educação específica, diferenciada e de qualidade nas comunidades. Sabemos que a educação escolar indígena já é um direito conquistado e que vem sendo negado; conhecemos sobre o Modelo de Educação Própria, ouvindo sobre a experiência do povo indígena Shuar, do Equador; refletimos sobre a escola colonizadora, que tem o currículo como conteúdo e a escola descolonizada, que tem o currículo como identidade; e refletimos ainda sobre sistemas abertos. Dessa forma, entendemos a Educação Escolar Indígena como um foco principal da nossa realidade, na luta pela sobrevivência em nossos territórios, pelos nossos saberes, pelas tecnologias, nossos modos de produção e nossas cosmologias. Diante dos fatos acontecidos nas escolas dentro das aldeias, viemos repudiar a omissão dos Estados e Municípios, que não priorizam o investimento de recursos nas escolas indígenas, as interferências que vem sendo impostas como obstáculos para não sistematizar os currículos indígenas no sistema nacional de educação; a não consulta e participação ativa dos povos indígenas na criação das Universidades Indígenas e outras instâncias públicas; a não participação de professores e lideranças indígenas na reformulação dos currículos. Queremos através deste documento dizer aos governantes, que as nossas escolas indígenas sejam reconhecidas e respeitadas, obedecendo os sistemas de educação próprio de cada povo, cada um com suas especificidades, no seu modo de ser, viver, se organizar, de relacionar com o sagrado, reconhecendo nossas bibliotecas que oferecem nossos livros práticos, as nossas disciplinas tradicionais que se encontram dentro dos nossos territórios. Que as esferas federal, estaduais e municipais reconheçam a autonomia das escolas indígenas. Este encontro foi para nós um fortalecimento cultural tratando com muito respeito, delicadeza o conhecimento e as sabedorias dos nossos ancestrais. | Voltar |
Fonte: Cimi |