ÎASY (LUA)
Certa noite, em uma comunidade TUPINAMBÁ, dormia a Lua e a
maior parte dos indígenas. A mata permanecia escura e tenebrosa, abrigando
segredos que ninguém mais ousava desbravar. As pessoas não saíam mais de casa
depois do por do sol. E mesmo assim, anciões corajosos, encarando a escuridão,
se reuniam em volta da fogueira.
Estavam tristes e sem vitalidade, sua cultura estava vivendo
um breu total. De noite, a única luz que os iluminava era artificial.
- Sinto falta das noites de Lua, em
que cantávamos e dançávamos em volta da fogueira, lamentou um deles
Silêncio. Todos estavam de luto.
Em uma das OCAS, algumas crianças adormeciam frente à
televisão...
Em outra Oca se repetia a mesma cena.
Como era possível observar a luz da Lua, que sempre foi
admirada pelos Tupinambá, se agora uma outra luz embalava o sono dos indígenas.
De volta a mata, decidido a tomar uma providência perante
aquela situação, o pajé acendia um fogo e balançava seu MARACÁ. Depois de
acender seu cachimbo, ele cantou com fé:
ÎASY
é nossa lua
Que
clareia nossa aldeia
TUPÃ
venha arramiar
Iluminar
a nossa aldeia
O canto irradiou por toda a aldeia. Levado pelo vento, entrou
em todas as casas, escancarando as janelas. Um avô adormecido sentiu uma brisa
o inspirar. Observava seus netos adormecidos frente a luz artificial e
hipnotizado pelo som do Maracá que vinha de fora, levanta seu próprio maracá e
quebra a televisão.
As crianças acordam com o barulho e parecem também ouvir o
som que vem de fora. Pouco a pouco todos da aldeia saem de suas casas e se
olham entre si de suas portas.
Era o fim da hipnose.
Por trás das nuvens, um clarão tímido começa a aparecer. As
pessoas se surpreendem. Há tempos que ninguém ali sabe o que era a Lua.
O som do Maracá cresce, juntas as pessoas seguem até a mata e
juntam-se ao pajé e entre as arvores cantaram juntos.
(PORANSY TUPINAMBÁ: ÎASY....)
A cada batida do Maracá, parecia que a Lua crescia de dentro
dele. Forte, brava, guerreira, como sempre foi.
De repente não era mais um Maracá, era a Lua nascendo de
dentro do mar.
E nela era possível enxergar aquela aldeia que não mais
estava adormecida, estava acordando e dançando ao redor da fogueira, chamando
pela Lua, ao som do Maracá.
O número de pessoas dançando ao redor da fogueira aumentava A
música fez brotar todas as raízes, fez desabrochar todas as flores. A Mãe ÎASY
finalmente despertou e acordou todos os seus filhos.
E a Natureza toda cantou:
Eu
vou pedir a minha Mãe ÎASY
Que
ela venha nos ajudar
Eu
vou pedir a meu Pai TUPÃ
Para
a nossa aldeia se alevantar
As plantas, os pássaros e os indígenas cantaram todos juntos
Levanta
essa aldeia levanta
Com
as forças de Deus
Levanta
essa aldeia levanta
Olha
Deus pros filhos teus
Levanta essa aldeia levanta
Levanta essa aldeia levanta
Levanta
sem demorar
Levanta
essa aldeia levanta
A
aldeia Tupinambá
E então brotou um sorriso na lua
A televisão nunca mais adormeceu os Tupinambá. Hoje em dia
eles vivem em várias TABAS e trabalham para retomar seus territórios, vivem
cuidando da Natureza.
E todas as noites, a Mãe ÎASY sorri para os Tupinambá
acordados
AUTORES:
Elen França Amorim - Sebastian Gerlic - Josenice Souza Franca - Maria José Muniz - Marciléa Melo Lima - Aguinaldo J. dos Santos - Isabelle A. Lima - Adriana Santos de Almeida - Fernanda Martins - Keyane Gomes Dias - Ricardo Lopes - Ivana Cardoso - Nara Oliveira - Vanessa Souza - Luis Carlos Gonzaga dos Santos - Maiana Medina - Antonio Roberto Bonfim - Fernando Monteiro - Juvani S. do Amaral - Ivana Cardoso - Maria Rita - Katu Tupinambá