quinta-feira, 13 de novembro de 2014

JACY É A NOSSA LUA

                                 ÎASY   (LUA)

Certa noite, em uma comunidade TUPINAMBÁ, dormia a Lua e a maior parte dos indígenas. A mata permanecia escura e tenebrosa, abrigando segredos que ninguém mais ousava desbravar. As pessoas não saíam mais de casa depois do por do sol. E mesmo assim, anciões corajosos, encarando a escuridão, se reuniam em volta da fogueira.

Estavam tristes e sem vitalidade, sua cultura estava vivendo um breu total. De noite, a única luz que os iluminava era artificial.

                        - Sinto falta das noites de Lua, em que cantávamos e dançávamos em volta da fogueira, lamentou um deles


Silêncio. Todos estavam de luto.

Em uma das OCAS, algumas crianças adormeciam frente à televisão...

Em outra Oca se repetia a mesma cena.

Como era possível observar a luz da Lua, que sempre foi admirada pelos Tupinambá, se agora uma outra luz embalava o sono dos indígenas.

De volta a mata, decidido a tomar uma providência perante aquela situação, o pajé acendia um fogo e balançava seu MARACÁ. Depois de acender seu cachimbo, ele cantou com fé:

                                                           ÎASY é nossa lua
                                                           Que clareia nossa aldeia
                                                           TUPÃ venha arramiar
                                                           Iluminar a nossa aldeia

O canto irradiou por toda a aldeia. Levado pelo vento, entrou em todas as casas, escancarando as janelas. Um avô adormecido sentiu uma brisa o inspirar. Observava seus netos adormecidos frente a luz artificial e hipnotizado pelo som do Maracá que vinha de fora, levanta seu próprio maracá e quebra a televisão.

As crianças acordam com o barulho e parecem também ouvir o som que vem de fora. Pouco a pouco todos da aldeia saem de suas casas e se olham entre si de suas portas.

Era o fim da hipnose.

Por trás das nuvens, um clarão tímido começa a aparecer. As pessoas se surpreendem. Há tempos que ninguém ali sabe o que era a Lua.

O som do Maracá cresce, juntas as pessoas seguem até a mata e juntam-se ao pajé e entre as arvores cantaram juntos.

(PORANSY TUPINAMBÁ: ÎASY....)

A cada batida do Maracá, parecia que a Lua crescia de dentro dele. Forte, brava, guerreira, como sempre foi.

De repente não era mais um Maracá, era a Lua nascendo de dentro do mar.

E nela era possível enxergar aquela aldeia que não mais estava adormecida, estava acordando e dançando ao redor da fogueira, chamando pela Lua, ao som do Maracá.

O número de pessoas dançando ao redor da fogueira aumentava A música fez brotar todas as raízes, fez desabrochar todas as flores. A Mãe ÎASY finalmente despertou e acordou todos os seus filhos.
E a Natureza toda cantou:

                                               Eu vou pedir a minha Mãe ÎASY
                                               Que ela venha nos ajudar
                                               Eu vou pedir a meu Pai TUPÃ
                                               Para a nossa aldeia se alevantar

As plantas, os pássaros e os indígenas cantaram todos juntos

                                               Levanta essa aldeia levanta
                                               Com as forças de Deus
                                               Levanta essa aldeia levanta
                                               Olha Deus pros filhos teus
                                               Levanta essa aldeia levanta
                                               Levanta sem demorar
                                               Levanta essa aldeia levanta
                                               A aldeia Tupinambá

E então brotou um sorriso na lua

A televisão nunca mais adormeceu os Tupinambá. Hoje em dia eles vivem em várias TABAS e trabalham para retomar seus territórios, vivem cuidando da Natureza.

E todas as noites, a Mãe ÎASY sorri para os Tupinambá acordados



AUTORES:
Elen França Amorim -  Sebastian Gerlic -  Josenice Souza Franca - Maria José Muniz -  Marciléa Melo Lima - Aguinaldo J. dos Santos -  Isabelle A. Lima -  Adriana Santos de Almeida -  Fernanda Martins -   Keyane Gomes Dias -  Ricardo Lopes -  Ivana Cardoso -  Nara Oliveira -  Vanessa Souza -  Luis Carlos Gonzaga dos Santos -  Maiana Medina -  Antonio Roberto Bonfim -  Fernando Monteiro - Juvani S. do Amaral -  Ivana Cardoso -   Maria Rita -  Katu Tupinambá