segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre o Caboclo Marcelino


Caboclo Marcelino e a história de lutas dos índios de Olivença Última edição 19 de junho de 2009
Apesar dessas acusações nunca terem sido apuradas ou comprovadas, Marcelino passou a ser referido na imprensa como “famigerado criminoso”, “Lampião Mirim” ou, ainda, “o homem que se fez bugre”, o que sugere a possibilidade do caboclo já incomodar com suas posturas contestatórias e capacidade de organizar o movimento reivindicatório dos índios de Olivença. Quanto à sugestão do mesmo não mais ser índio, remete-nos às idéias do Século XIX, quando o fato dos indígenas aprenderem a ler e conviverem com os nacionais, como era o caso, fazia com que fossem considerados como “misturados aos nacionais” e não mais com o que se definia como “índios puros”. Além do mais, Marcelino era eleitor, dominava os códigos da sociedade brasileira e vivera e trabalhara em Ilhéus. Portanto, na concepção dos ilheenses e das autoridades, ele era “um malandro explorador da ingenuidade dos pacatos e genuínos descendentes de caboclos que vivem na zona de Olivença” (Processo nº 356 do TSN, 1936). Levado a júri em outubro de 1931, apesar do clamor popular que exigia a condenação do réu, foi absolvido. Portanto, após breve prisão, ele e seus seguidores foram soltos e retornaram a Olivença e persistiram no projeto de reverter a situação vivida na antiga aldeia. (Silva Campos)".

Caboclo Marcelino e a história de lutas dos índios de Olivença
Imagem rara do Caboclo Marcelino.

Texto da antropóloga e professora da UFBA, Maria Hilda Paraíso.


A revolta dos caboclos e Marcelino


"A reação ao incremento da invasão se iniciou em 1929, sob o comando de Marcelino Alves. Argumentando a necessidade de recuperarem as terras perdidas e de expulsarem os novos ocupantes da área da antiga aldeia, ele e seus aliados concentraram seus esforços iniciais na região da ponte sobre o rio Cururupe. Buscavam estrangular o tráfego, impossibilitando o acesso fácil a Olivença. A punição foi imediata e, em novembro, uma caravana de praças de polícia e de inspetores de quarteirão deslocou-se para a região, iniciando a repressão aos revoltosos. A desigualdade de forças e a diferença na qualidade dos armamentos disponíveis culminaram na derrota dessa primeira tentativa de retomada das terras e na prisão de Marcelino e seus seguidores.


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